Pesquisa brasileira inédita comprova que azeite de abacate pode reduzir colesterol
Que o abacate é uma delícia, todo mundo já sabe. Amassado com leite em pó e açúcar, ou batido no liquidificador como uma vitaminada, o principal ingrediente da guacamole, e também um diferencial na salada, é super versátil e extremamente nutritivo. O melhor de tudo? Pesquisas recentes comprovam que o azeite do fruto é rico em substâncias que combatem o colesterol, a glicemia e as triglicérides.
De acordo com a autora do estudo inédito no mundo, concluído na Universidade de Lund, na Suécia, a nutricionista Cibele Priscila Busch Furlan, uma dessas substâncias é o fitosterol. “O fitosterol é uma espécie de ‘colesterol’ das plantas, encontrado na polpa do abacate. Quando consumido, o fitosterol é absorvido pelo corpo no intestino, no lugar do colesterol”, explicou a nutricionista.
Em sua tese de doutorado na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), Cibele Furlan ressalta ainda que o fruto possui fibras que ajudam o organismo a não absorver o colesterol. “O abacate é rico, também, em gorduras reguladoras, como o Ômega 3, Ômega 6, Ômega 7, Ômega 11 e, principalmente, o Ômega 9, que pode ser encontrado no azeite de oliva”, disse a especialista.
Para a pesquisadora, esses resultados reforçam a importância da escolha correta quanto à qualidade dos alimentos e principalmente das gorduras, independentemente das calorias dietéticas ingeridas, pois os alimentos com biocompostos – responsáveis por benefícios específicos ao organismo – são fundamentais para melhora dos marcadores biológicos, promoção e manutenção da saúde.
A pesquisa com humanos
Para que pudessem ser estabelecidas comparações, aos participantes, previamente selecionados e submetidos a exames padrões, foi oferecido em uma semana um desjejum constituído de pão, batatas fritas, bacon, ovos e manteiga. Na semana seguinte, o mesmo prato foi preparado substituindo a manteiga por azeite de abacate. Todos tinham 30 minutos para a refeição e imediatamente depois foi realizada a primeira coleta de sangue, repetida em intervalos de 30 minutos, durante quatro horas.
Em cada amostra foram determinados: os índices de glicose; todas as frações de gorduras mais comuns, como o colesterol total, o LDL – conhecido como colesterol ruim, o HDL – chamado de colesterol bom, os triglicérides – que também constituem uma fração de gorduras; os marcadores inflamatórios CRP e IL-6 – indicativos da propensão ao desenvolvimento do diabetes por provocar a degradação de receptores da sinalização de insulina e glicose nas membranas.
Os resultados surpreenderam, diz a pesquisadora: “Verificamos que, mesmo com o consumo de uma alimentação altamente lipídica, a substituição da manteiga pelo azeite de abacate no preparo do prato levou à redução imediata de todos os marcadores metabólicos mencionados, a menos da HDL cujos índices se mantiveram”.
A pesquisadora destaca o ineditismo dos achados: “Sabia-se que o fruto do abacate traz grandes benefícios, mas ainda eram desconhecidos os efeitos imediatos do azeite, mesmo porque seu consumo e comercialização em supermercados são muito recentes”.
Controlando o colesterol
O Dia Nacional de Controle do Colesterol é comemorado em 8 de agosto e tem como objetivo promover a conscientização sobre a importância da prevenção e do tratamento do colesterol alto. O colesterol é um tipo de gordura presente em alimentos de origem animal e também é gerado pelo corpo humano. Além disso, desempenha funções essenciais no organismo, como produzir hormônio e vitamina D.
Existem dois tipos de colesterol: o LDL, considerado o “colesterol ruim”, que facilita a entrada de gordura nas células, fazendo com que o excesso seja acumulado nas artérias sob a forma de placas de gordura, causando o “entupimento”; e o HDL, considerado o “colesterol bom”, que retira a gordura das células e facilita a sua eliminação do organismo.
Os problemas cardiovasculares causados pelo colesterol começam a ser construídos na primeira infância, até os cinco anos de idade. Muitos fatores podem contribuir para o aumento do colesterol, como tendências genéticas ou hereditárias, obesidade e falta de atividade física.
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Fonte: Jornal da UNICAMP